Blog post

Parem de se referir à Cultura na 3a pessoa

By Luis Mangi | February 13, 2023 | 2 Comments

CIO Leadership, Culture and People

 

O post desse mês será bem curtinho. Quero apenas lançar essa provocação para pensarmos juntos. Fazer esse exercício de reflexão sobre como lidamos com esse tema todos os dias.

Para dar a partida nesta reflexão, vou contar uma história para vocês baseada em fatos reais. E essa história aconteceu várias vezes em reuniões, apresentações e interações com clientes do Gartner.

Vamos começar pelo ponto em comum em todos esses casos: mudança de cultura. Quem não está preocupado com isso hoje no mundo das organizações?

Pois bem, as conversas sempre caminhavam pelas questões clássicas:

  • A cultura precisa mudar…
  • A cultura da [nome da organização] é muito hieraquizada…
  • Conservadora…
  • Muito baseada em comando e controle…
  • Precisa ser inovadora..
  • Precisa ser mais colaborativa…

Alguma novidade nisso tudo? Existe alguma organização no planeta que não queira isso também?

A sua e a minha resposta aqui provavelmente será NÃO. Então por que tanta gente boa por aí não sai do lugar? Perdem-se em intermináveis reuniões, eventualmente gastam uma fortuna com empresas de consutoria em grandes programas corporativos de mudança organizacional, e pouca coisa prática acontece?

Voltando para as questões clássicas, eu sempre ficava escutando aquele desabafo coletivo, então pedia palavra e num tom firme dizia:

Parem de se referir à Cultura na terceira pessoa!

Existem várias definições de cultura que não cabe aqui discutir. A urgência pede algo mais objetivo, mais pragmático. Precisamos focar no lado visível da cultura: os comportamentos. Nessa linha, podemos chegar a uma definição mais instrumental onde a cultura seria entendida como:

Formas de trabalhar e de se relacionar que fomos sedimentando ao longo do tempo que funcionaram.

Muitas ainda funcionam. Mas algumas nos impede de ser a empresa que PRECISAMOS ser. E esse senso de urgência é importante: precisamos mudar porque estamos perdendo mercado, porque estamos com uma operação muito cara, porque nosso modelo de negócio pode virar pó em alguns anos. Toda a mudança começa com o “por quê”.

Essas formas “sedimentadas” de trabalhar e de se relacionar são hábitos que construímos. Chegamos então ao foco do que precisamos mudar: hábitos que não funcionam mais.

Não é diferente na pessoa física. Quando a gente decide fazer uma grande mudança na vida, normalmente motivada por alguma experiência emocional difícil, começamos a mudar hábitos que não estão nos ajudando. E hábitos não se mudam do dia pra noite. As verdadeiras mudanças de vida, as que se sustentam ao longo do tempo, se constróem aos poucos, mudando pequenos hábitos, gradualmente. Quem nunca passou ou conhece alguém que passou por uma experiência dessa?

Para fechar, uma imagem:

 

 

A cultura não é uma entidade metafísica, algo que paira acima das nossas cabeças e mentes.

Na próxima vez que vocês se referirem à Cultura, falem na primeira pessoa do plural: NÓS.

O que vocês acham? Bora debater?

 

Forte abraço do Mangi.

The Gartner Blog Network provides an opportunity for Gartner analysts to test ideas and move research forward. Because the content posted by Gartner analysts on this site does not undergo our standard editorial review, all comments or opinions expressed hereunder are those of the individual contributors and do not represent the views of Gartner, Inc. or its management.

Comments are closed

2 Comments

  • Bittencourt says:

    Essa pauta é igual “dieta que começa ou recomeça só na segunda-feira”. Brincadeiras a parte, temos tudo na mão para inovar e vejo que muitas vezes a dificuldade está em mapear quais os problemas prioritários na organização, escuta de clientes e em como cascatear nas equipes para prototipar ou testar soluções nunca antes imaginadas ou que não receberam investimento por não apresentar savings altos imediatos…

    • Luis Mangi says:

      Exato! Quem não quer inovar nos dias de hoje, não é? Acho que ninguém vai discordar de que precisamos escutar nossos clientes. A questão é por que não conseguimos inovar? Por que não escutamos o cliente e fazemos algo de concreto com isso? Os hábitos que vamos acumulando ao longo do tempo nos impede de fazer diferente. Muitas vezes, sequer percebemos isso. Vai aí minha provocação: quais hábitos você vê na sua organização que precisam ser mudados?